Comércio Internacional: Oportunidade, Não Competição, Afirma Economista Renomado

2025-05-21
Comércio Internacional: Oportunidade, Não Competição, Afirma Economista Renomado
Estadão

Comércio Internacional: Oportunidade, Não Competição, Afirma Economista Renomado

Após uma carreira brilhante de 26 anos lecionando na Universidade de Chicago, José Alexandre Scheinkman, um dos mais respeitados economistas do Brasil, embarcou em uma nova jornada como professor na Universidade de Columbia, em Nova York. Em entrevista exclusiva, Scheinkman desmistifica o debate sobre o comércio internacional, argumentando que ele não deve ser visto como uma competição, mas sim como uma oportunidade para o crescimento mútuo e a especialização.

“A visão de que o comércio internacional é uma competição zero-sum, onde o ganho de um país significa a perda de outro, é equivocada”, afirma Scheinkman. “O comércio permite que cada país se concentre naquilo que faz melhor, aproveitando suas vantagens comparativas e oferecendo bens e serviços a preços mais competitivos para o resto do mundo. Isso beneficia a todos os envolvidos.”

A Especialização e a Eficiência

Scheinkman explica que a especialização impulsionada pelo comércio internacional leva a ganhos de eficiência e produtividade. Quando um país se dedica à produção de bens ou serviços em que possui vantagens, ele pode produzir de forma mais eficiente, reduzindo custos e aumentando a qualidade. Essa eficiência se traduz em preços mais baixos para os consumidores e em maiores lucros para as empresas.

“Pense no Brasil e na produção de café”, exemplifica. “Não faz sentido para o Brasil tentar competir com outros países na produção de automóveis, por exemplo. É muito mais vantajoso para o Brasil se especializar na produção de café, onde possui condições climáticas e know-how que o tornam competitivo no mercado global.”

Os Desafios e as Políticas Públicas

Embora o comércio internacional traga inúmeros benefícios, Scheinkman reconhece que ele também pode gerar desafios, como a perda de empregos em setores menos competitivos e a necessidade de adaptação da força de trabalho. Para mitigar esses efeitos negativos, ele defende a implementação de políticas públicas que promovam a educação, a requalificação profissional e a criação de novos empregos.

“É fundamental que os governos invistam em educação e treinamento para preparar a força de trabalho para as novas demandas do mercado de trabalho”, enfatiza Scheinkman. “Além disso, é importante criar um ambiente de negócios favorável ao investimento e à inovação, para estimular a criação de novas empresas e empregos.”

O Futuro do Comércio Internacional

Scheinkman acredita que o comércio internacional continuará a ser um motor importante do crescimento econômico global. No entanto, ele alerta para a necessidade de adaptar as políticas comerciais às novas realidades, como a crescente importância da tecnologia e a ascensão de novos polos de crescimento na Ásia.

“O comércio internacional está em constante evolução”, conclui Scheinkman. “É preciso estar atento às novas tendências e adaptar as políticas comerciais para garantir que os benefícios do comércio sejam distribuídos de forma mais equitativa e sustentável.”

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